26 abril 2010

A Mekorot e o roubo de água palestiniana

Vale do Jordão:

Israel priva de água as aldeias palestinianas

 

As forças israelitas de ocupação invadiram a aldeia de Khirbet Al-Farsieyah, no norte do vale do Jordão, e apoderaram-se de quatro bombas de água utilizadas para a irrigação e o aprovisionamento de água potável da pequena comunidade agrícola. As bombas foram roubadas nas quintas de Ali Az-Zohdi, Fayeq Sbeih e Taleb Radi.

 

Segundo os habitantes, a supressão das bombas ameaça milhares de dunums de campos de cultivo e os agricultores estimam que cada uma das bombas custe 25 000 shekels (6750 dólares US).

 

O consumo de água potável de um israelita é de 400 litros/dia, o de um colono na Cisjordânia é de 800 litros/dia e o de um palestiniano da Cisjordânia é de 70 a 90 litros/dia.

 

O governador da região de Tubas, Marwan Tubasi, denunciou durante uma visita às quintas em causa, os roubos cometidos pelos israelitas, enquanto que o coordenador da campanha para salvar o vale do Jordão, Fathi Ikhdeirat, declarou que os acontecimentos do dia faziam parte e uma «série de ataques contra os habitantes e têm como objectivo expulsá-los das suas terras».

 

No domingo, as autoridades israelitas tinham fechado a principal fonte de água utilizada para a agricultura nessa aldeia do vale do Jordão, declararam os membros do comité e os seus advogados, quatro dias apenas após responsáveis militares terem ameaçado «fechar as torneiras» se os palestinianos não tratassem melhor as suas águas sujas».

 

Ikhdeirait também declarou que a sociedade israelita da água, Mekorot, tinha construído três poços aquíferos na região desde os anos 1970, apoderando-se de 5000 m3 de água por hora, em grande parte em benefício dos colonatos judeus vizinhos, enquanto que a aldeia de Bardalah só tirava 65 m3 de água por hora antes de as tropas de ocupação terem cessado a bombagem de água.

«Ouvimos o barulho da água a passar pelos canos no centro da aldeia, mas não podemos nem bebê-la nem servir-nos dela. As condutas de água instaladas pela companhia das águas israelita separa a aldeia em duas partes», acrescentou.

 

Dezenas de agricultores protestaram contra as acções israelitas no vale do Jordão e exigiram que uma solução rápida fosse encontrada antes que perdessem as culturas das quais dependem para os seus rendimentos e a sua subsistência.

 

Nader Thawabteh, um advogado de Bardalah, declarou que a companhia das águas israelita acusava os habitantes da aldeia de roubar água, «tomando isso como uma desculpa para deixar de bombear a água para nós. Desmentimos categoricamente esta afirmação».

O advogado acrescentou que a quantidade de água bombeada na aldeia fora reduzida em cinco anos de 150 m3 por hora para 65 m3 e agora «está totalmente cortada».

 

Os agricultores da aldeia apelaram à Autoridade palestiniana [de Ramallah] e às organizações internacionais para ter de novo acesso à água para as suas explorações.

 

Bardalah tem 1900 habitantes, a maioria dos quais vive dos recursos agrícolas nos 300 dunums de estufas. A grande maioria das estufas e das terras têm de ser irrigadas, o restante dispondo de culturas que não necessitam de rega.

 

[…] Segundo um relatório de 2009 de B’Tselem [...] apenas 81 dos 121 colonatos judeus de povoamento na Cisjordânia estavam ligados a instalações de tratamento de águas usadas. «O resultado é que apenas uma parte das águas usadas provenientes dos colonatos é tratada, enquanto que o resto das águas sujas vai para os cursos de água e para os vales da Cisjordânia», diz o relatório. […]

 

Fonte: Ma’an News Agency e Info-Palestine.net. 21-04-2010

 

 

 

Sem comentários: