30 maio 2011

A TROIKA e a TREMPE

Trempe: Arco de ferro que assenta sobre três pés e sobre o qual se coloca a panela ao fogo; Reunião de três pessoas que têm ideias e interesses comuns

Grande Dicionário da Língua Portuguesa  António de Morais da Silva.

 

 

A TROIKA e a TREMPE

Finalmente! Ela veio, a TROIKA. Com subtil eufemismo, "negociar uma ajuda financeira" que impõe, em primeiro lugar, a subversão de tudo o que o caluniado PREC proporcionou à esmagadora maioria do povo português, inviabilizando inevitavelmente, qualquer futuro à economia nacional. Esta a questão que os move.

Suspira, aliviado, quem sempre desejou ingerência externa como meio de arrasar o que resta da Constituição da República. Não esqueçamos: a integração na então CEE foi o início deste percurso. Como o PCP previu. E preveniu.

A TREMPE, mãe, avó e madrinha do paradigma imposto, cujos três pés, PS, PSD e CDS a asseguram há trinta e cinco anos, aquecendo a panela até derreter (povo português), com achas lançadas no lume por quem manda no país (o arco de ferro que estrangula, ou nos vende por trinta dinheiros), obteve o atiçador e o combustível a que há tanto aspirava: a TROIKA.

Estava difícil. O PS, alcunhado de esquerda, escamoteando quem manda neste país, negava, mas aproximando-se pelos PEC, das exigências dos monopólios, nacionais e internacionais. Doutos comentadores teorizaram e construíram a inevitabilidade e necessidade da vinda do FMI, FEEF e BCE, legitimando o saque a este povo, transferindo o pouco de muitos para o muito de poucos, objectivo final de toda e qualquer política de direita. Política dirigida para, sem freio, intensificar a exploração do trabalho, conjugando redução salarial com aumento da jornada. Em privatizações ao desbarato de tudo o que sendo público proporciona lucro. Em cortes drásticos na Segurança Social. Na tentativa de domesticação dos Sindicatos pelo medo a instalar nos trabalhadores precários, ou nos disponibilizáveis "por razões atendíveis", como propõe o monárquico incumbido da suprema tarefa de redigir uma Constituição para a República. Na mentira sistemática, com o dogma de sobrevivência política. Política que nos menoriza como cidadãos. Política anti-patriótica. Levada ao extremo por consócios e administradores da banca nacional e internacional, a TREMPE. De que o PS se assumiu como cereja no bolo.

Estranho é este sistema, este paradigma, ter ainda as votações que tem. Porque votar em qualquer pé da TREMPE é votar no actual sistema. É compreensível um trabalhador quotidianamente chantageado de múltiplas e variadas maneiras, ainda votar contra os seus interesses? Trabalhador em permanente risco de desemprego, que conta cêntimos para comer, para pagar contas da água, electricidade, gás, transportes, prestação da casa, livros escolares dos filhos, medicamentos, acredite não existir alternativa às políticas prosseguidas, agora rematadas por martelo-pilão?

Durante anos, o PCP avisou que a destruição da agricultura, das pescas, das indústrias transformadora e pesada, desembocaria num desastre. A TREMPE, quanto aos avisos manteve-se muda e queda. Um ilustríssimo economista, ele próprio trempista por direito, após mais uma troca dos meios de produção nacionais por alcatrão dizia, vindo de Bruxelas, serem as negociações (ou imposições?) boas para o país. Entrava muito dinheiro… É de perguntar: mas qual país? O da SLN/BPN/BPP ?

O mesmo Senhor, que apela à reconstrução de sectores que destruiu, como se a UEM a quem arrematou a nossa actividade produtiva, o permitisse, ou se o grande capital, o da banca, o dos hipermercados, o da construção civil, estivesse interessado em investir aqui e agora. Bolsa, saúde e especulação proporcionam maiores rendimentos. Explique Sua Ex.ª, onde estão os milhões catapultados da Segurança Social para quem, despudoradamente, afirma vivermos acima das nossas possibilidades.

Em fecho de abóbada, vandalizaram direitos dos trabalhadores, dos militares, das forças de segurança, ostracizaram a cultura, reduziram na educação e saúde, fizeram crescer como cogumelos IP, PPP, parasitando o OE, para empregar boys, alguns semi-analfabetos. São os mesmos que se reclamando defensores do Estado Social, preparavam, com ou sem TROIKA, o caminho da privatização.

Alternativa existe. Basta que o nosso povo o exija. E garantimos: é viável, é patriótica e sendo-o, só pode ser de esquerda.

in Newsletter n.º 11/Maio 2011
Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa/Ciências Sociais 
PCP

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