10 fevereiro 2007
Zeca, a voz de Abril
A 23 de Fevereiro de 1987, José Afonso, o Zeca, desaparece de entre nós. Deixa-nos um legado poético e musical de luxo, tendo gravado 28 discos e musicado alguns dos maiores poetas da nossa cultura e identidade nacional.
Na sua obra aparecem poemas de Pessoa, Camões, Jorge de Sena e Natália Correia, entre outros. O seu espólio musical é riquíssimo, recolhendo musica tradicional e popular da Galiza a Angola, passando pela Beira Baixa e pelos Açores.
No entanto, o seu maior contributo é a luta que levou a cabo contra a opressão: "Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."
Esta foi a sua postura durante toda a vida, e foi graças a ela e à simbologia da sua criação artística que «Grândola Vila Morena», uma das suas mais conhecidas músicas, foi escolhida como senha pelos militares do MFA para o desencadear das operações militares que concluíram na Revolução de 25 de Abril de 1974.
Isabel Faria, do blog Troll-Urbano, dá o mote para um mês de homenagem a Zeca por toda a blogosfera, campanha à qual aderimos com todo o prazer.
Assim, colocaremos aqui uma série de links para materiais de Zeca Afonso, em jeito de recordação de um amigo que se foi sem na verdade ter ido:
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José Afonso in Hamburg
Portugal Solidaritat (Alemanha) AK 0005 1976 LP-33 rpm (Gravado ao vivo)
LP não editado em Portugal, gravado em 1976 durante um espectáculo realizado em Hamburgo com Francisco Fanhais e José Luis e comercializado em 1982, por iniciativa do grupo Portugal-Solidaritãt. Inclui os temas Os fantoches de Kissinger, Hino à liberdade, Grândola vila morena, Cantar alentejano, Vira, O que faz falta e Adeus muros de Custóias, além de uma pequena biografia do compositor e do texto escrito por Urbano Tavares Rodrigues para Cantares do Andarilho. Apesar das muito deficientes condições de gravação, é um documento importante que, entre outras coisas, ajuda a compreender a forma como Zeca sempre encarou a sua actividade, dando-lhe acima de tudo um sentido político e social.
Vale, também, por alguns excertos quase antológícos, como seja a quadra popular «Ó meu Portugal tão lindo / Ó meu Portugal tão belo / Metade é Jorge de Brito / metade é Jorge de Melo»(Jorge de Brito e Jorge de MeIo eram tidos, juntamente com António Champalimaud, como os donos dos maiores grupos económicos portugueses até ao 25 de Abril.) ou o aparte em que Zeca pergunta a Fanhais se deve ou não cantar uma determinada estrofe: «Vai a das caralhadas?» (Trata-se de uma quadra popular galega que diz assim: "Viva Lugo, viva Vigo / A Coruña e Pontevedra / Que se vá para o caralho / O cabrão da nossa terra". O cabrão em referência era o ditador fascista Franscisco Franco, natural do Ferrol.) A resposta, deduz-se de seguida, foi com certeza afirmativa...
Viriato Teles
Agradecimentos: Rádio Informação Alternativa e Associação José Afonso
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Já pouca coisa vinda da fadista (e não só) Cristina Branco pode surpreender, tantos são os caminhos próprios por ela já tomados, através do fado, fora do fado, a viés do fado.
Mas a expectativa é enorme quando se sabe que o seu novo projecto (disco e espectáculos) é dedicado à obra de José Afonso e que para ele Cristina Branco se fez rodear por uma banda formada por Ricardo Dias (da Brigada Victor Jara e já um «habitué» na equipa da cantora) no piano e direcção musical e três conceituados músicos vindos do jazz: Mário Delgado (guitarras acústicas e eléctricas), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).
A apresentação do projecto decorre no Jardim de Inverno do Teatro S.Luiz, em Lisboa, dias 2, 3, 9, 10, 16, 17, 23 e 24 de Fevereiro. De José Afonso diz Cristina Branco: «O Zeca foi e será sempre um exemplo de simplicidade, de convicção (mesmo quando dizia que nem sempre gostava de cantar!). É assim o amigo da minha adolescência, o amigo do meu canto, da minha busca pessoal. Não trazemos nada de novo, vimos apenas lembrar».
Texto retirado do blog http://raizeseantenas.blogspot.com/ de António Pires
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LER, OUVIR E CANTAR ZECA - link para o site anos60.com, que contém uma secção sobre Zeca Afonso com as suas letras e músicas (para ouvir).
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