...mas é só mais um capitalista selvagem!
O Sr. Ministro disse hoje numa só frase aquilo que todos já percebemos há muito: por ele, esses conceitos de retribuição do trabalho, direitos laborais e outras coisas obviamente incómodas das políticas economicistas - e até, de certa forma, com tendências esclavagistas - são para acabar e pronto.
Disse ele: "Os portugueses não querem saber de horas extraordinárias, querem é ter melhores cuidados de saúde!"
Primeiro, quem são "os portugueses" de que fala? Não são concerteza os funcionários públicos, esses mandriões que "os portugueses" criticam; também não são os sindicalistas, agitadores que pretendem apenas desestabilizar e «estar do contra» em todos os assuntos em que o Governo pretende melhorar a vida «dos portugueses»; obviamente que não são médicos, nem professores, nem enfermeiros, nem agricultores, nem pescadores, nem desempregados, nem estudantes, etc., todos quantos andam por aí nas ruas e às portas do Governo a protestar pelas suas condições... esses, não são «portugueses», não é?
Os «portugueses» de que fala têm nomes, e uma folha de caderno dá para os escrever todos... São eles que efectivamente manobram os cordelinhos destes governos neo-liberais extremistas, quer os cor de laranja, quer os cor de rosa, são eles que querem ditar as regras do trabalho, explorar ao máximo e retribuir ao mínimo, acumulando gigantescas fortunas. São os que têm as «Empresas de Saúde», os grandes heróis da economia portuguesa que subiram à custa de pagarem o ordenado mínimo a 80% dos seus trabalhadores, os jogadores de OPA's e salta pocinhas de empresas de trabalho temporário, os administradores da banca, seguros e energia, os verdadeiros benfeitores de hordas de pessoas pagas a recibo verde, à hora, ao dia... à jorna!!! (tantos anos depois, outra vez a JORNA!).
Tenha vergonha Sr. Ministro! O que o Povo Português quer é que a riqueza que produz seja efectivamente gasta no desenvolvimento do País, quer em infra estruturas quer em condições sociais e laborais, de forma a tornar-se de um país efectivamente desenvolvido e não um sub-país periférico da União Europeia.
Em segundo lugar, as tais horas extraordinárias que o Sr. não quer pagar não foram os médicos que pediram para as fazer, a escassez de pessoal médico graças às brilhantes políticas de contenção orçamental fazem com que só o recurso a horas extra possa funcionar o banco das urgências e outros serviços básicos e essenciais na área da saúde.
Para além disso, se um qualquer trabalhador, que tem um horário de trabalho estabelecido, tiver que fazer mais horas de trabalho, por necessidade expressa pelo empregador, essas horas têm que ser pagas - isto não precisa de estar escrito em nenhuma lei, chama-se valor do trabalho. Há algum socialistas que se oponha a isto e continue a intitular-se socialista?
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