09 outubro 2004

O contribuinte que paga (sempre)

Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.

O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social. E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.

Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19 euros para si.

Em resumo:
- Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55.
- Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19.
- Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
- Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas.

Eu pago e acho muito bem, portanto exijo:

- Um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro emprego para o meu filho.
- Serviços de saúde exemplares.
- Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa.
- Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País.
- Auto-estradas sem portagens.
- Pontes que não caiam.
- Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano.
- Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.

Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida e jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Polícia eficiente e equipada. Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica. Filmes criados em Portugal. E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.

Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal garantem ao Estado 100 euros de receita. Portanto Srs. Ministros, governem-se com o dinheirinho que lhes dou porque eu quero e tenho direito a tudo isto.

Um português contribuinte.


NOTA:

O sinistro Bagão Félix, devia era preocupar-se em fazer uma reforma fiscal, para acabar com o regabofe da fuga ao fisco que existe em Portugal, em vez de tratar de extorquir mais dinheiro aos mesmos que já pagam os impostos que lhe pagam o ordenado.

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