Recentemente tivemos oportunidade de assistir ao Congresso do Partido Socialista, para o final de Novembro teremos o Congresso do Partido Comunista Português, as eleições para as regiões autónomas e também a discussão de importantes diplomas para o futuro de Portugal na Assembleia da República .Portanto, será um período político extremamente interessante, contudo houve uma situação que me cativou a atenção muito recentemente. Através da televisão, tive oportunidade de constatar que em pleno Congresso do Partido Socialista, um alto dirigente do mesmo, recusando liminarmente e taxativamente com a boçalidade a que nos já acostumou em actos públicos, a possibilidade, deste mesmo partido poder estabelecer uma política de alianças pré ou pós eleitorais, nas próximas eleições legislativas, referindo inclusive, que teriam de ser os partidos á esquerda do Partido Socialista, nomeadamente o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda que tinham de evoluir nos seus sistemas de funcionamento orgânico enquanto partidos, nas ideias e propostas políticas apresentadas, mas também no capitulo ideológico e nas perspectivas da transformação da sociedade. Quanto ao Bloco de Esquerda, utilizando uma frase de um grande pensador e intelectual do século XX, grupos e movimentos políticos como este, os seus principais dirigentes não passam de pequeno – burgueses enraivecidos.
Quanto ao Partido Comunista Português, a questão tem necessariamente de ser colocada noutros termos .O socialismo é uma das grandes correntes ideológicas contemporâneas. Os seus princípios assentam na transformação da sociedade no sentido da justiça entre os homens no trabalho, na educação, na habitação, na distribuição da riqueza, na liberdade e na igualdade de todos os seres humanos. Tudo isto só poderá ser alcançado com o estabelecimento da propriedade colectiva dos meios de produção e do princípio de igualdade de oportunidades. Esta doutrina política defende que o valor de qualquer produto é determinado pelo trabalho empregado no seu fabrico, declarando injusta a apropriação do seu valor, própria do sistema capitalista, que é contrário ao socialismo na sua génese e princípios. A socialização da produção cria igualdade na distribuição de benefícios, recompensando-se o ser humano pela sua participação na produção dos bens e não pela propriedade dos meios de produção ou pelo investimento em negócios rentáveis. Estes são os princípios teóricos do socialismo. Foi este socialismo que o Dr. Mário Soares colocou na gaveta, mas agora ao que parece o Dr. José Socrates tratou de o retirar e colocar num qualquer caixote do lixo de um qualquer gabinete do Largo do Rato. Para aquele senhor que afirmava que o PCP tinha de evoluir, certamente seria do seu mais profundo desejo, que este segui –se o caminho do PS, ou seja, abdicar do seu passado de luta, entrar numa situação de revisionismo histórico, abdicando deste modo dos seus mais elementares princípios históricos, transformando –se num partido diferente daquilo que é, ou seja, as mutações ocorridas, convertiam, num partido de ideologia social – democrata, o que colocaria em causa, a coerência e consistência, dos valores e princípios pelos quais uma parte significativa do mundo de hoje acredita. Mas se a questão for a quem poderia agradar esta alteração significativa da estrutura orgânica e de funcionamento do PCP. Então aquele dirigente socialista seria o primeiro a congratular – se juntamente com os grandes senhores do dinheiro, da banca, das seguradoras, o grande patronato, e alguns movimentos políticos portugueses de pseudo – esquerda em Portugal. Seria uma alegria para uma pequena parte da sociedade portuguesa .Por outro lado, os trabalhadores das mais variadas classes profissionais, os reformados e pensionistas, a juventude, ou seja, todos aqueles que são vítimas e são submetidos à lógica do sistema neo – liberal que está consolidado no nosso país e que começa a ter raízes fortes em algumas partes do globo, certamente ficariam desiludidos pela capitulação ideológica do PCP. Pois bem, o Partido Comunista Português é o partido mais antigo da sociedade portuguesa e dos mais activos e intervenientes da Europa, sendo por isso, um partido com um capital de luta e resistência riquíssimos, daí ser um partido indispensável e insubstituível à sociedade portuguesa, tendo portanto, uma identidade comunista consagrada no seu Programa e estatutos como base da sua intervenção e objectivos, cujos elementos nucleares o distinguem e definem, como um partido com natureza de classe, um partido de vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores e intelectuais, que luta pela construção de uma sociedade diferente daquela que nos querem impor à viva força, isto é, uma sociedade livre de exploração desenfreada do homem pelo homem, das desigualdades e injustiças sociais naturais do sistema neo – liberal, uma sociedade mais solidária, humana, igualitária e fundamentalmente mais justa para quem trabalha .É deste modo, que o PCP tem como ideologia o socialismo científico, tendo por isso, os princípios do marxismo – leninismo que constituem um instrumento indispensável para a análise cientifica da realidade, dos novos fenómenos e da evolução social e para a definição de soluções correctas para os problemas concretos que a situação objectiva e a luta colocam ás forças revolucionárias existentes actualmente .
Concluindo, a problemática que foi objecto de reflexão, demonstra por si só, que grave não é a evolução política do PCP, mas sim o retrocesso ideológico a que se tem vindo a assistir no Partido Socialista que é deste modo, uma partido cada vez mais encostado á direita e que salvo uma mudança política e ideológica profundas conseguirá inverter esta tendência a curto / médio prazo. E caso, não se confirme esta alteração, então devo afirmar que o Partido Socialista não é a alternativa de esquerda que o país actualmente necessita para fazer face ao governo de direita e de extrema – direita que temos no poder, e dos ataques que tem vindo a realizar não só nos serviços públicos com a saúde, a educação, a segurança social, mas também a ofensiva contra os trabalhadores das mais diferentes áreas, jovens e idosos do nosso País .Portanto essa, alternativa de esquerda passa necessariamente pelo PCP, através do socialismo, de uma democracia avançada que dê primazia às áreas sociais e ao povo em detrimento do capital financeiro para que possamos ter uma sociedade mais justa, equilibrada e desenvolvida para deixarmos definitivamente a cauda da Europa nas mais variadas matérias.
José Machado
Estudante Universitário
Vila Franca de Xira
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